Os EUA têm coisas admiráveis e até surpreendentes. Mas têm também praxes arcaicas e regras absurdas.
Num país civilizado, quando um orçamento não é aprovado, a respetiva comunidade política entra em regime de duodécimos, tendo por referência os valores constantes do último orçamento. Na América, não. Enquanto os políticos amuam, a Administração Federal entra em regime de calote, a começar pelos funcionários federais.
Esta originalidade americana não é inédita, a não ser no respingar para os trabalhadores portugueses das Feusaçores. Sabe-se que o Governo regional lembrou ao Governo de Lisboa o óbvio: foi o Estado português que assinou o Acordo, e à conta dele costuma dar-se ares de importância em Washington; em termos técnicos, é o Estado Português que transfere o dinheiro recebido das Feusaçores aos trabalhadores portugueses, a título de pagamento de salários; e é ainda o Estado Português que, segundo o Acordo Técnico, deve ser demandado por danos ou incumprimentos contratuais dos seus hóspedes, devendo ressarcir os respetivos lesados e exercer depois o direito de regresso sobre o "Amigo".
Só que os "patrioteiros" transmutaram-se em separatistas, e assobiam para o lado quando se trata de adiantar o salário a trabalhadores portugueses contratados ao abrigo do Tratado por Portugal assinado!... E o Ministro Rangel reage a tudo isto confirmando que a República não adiantará os salários, "aplaudindo" a iniciativa açoriana de o fazer e concluindo atrevidamente, conforme é timbre de certos feitios, que os desentendimentos entre governos centrais e regionais são "uma glória da Autonomia"! Que topete!...
Infelizmente, assim se vê a sensibilidade autonómica do Governo que está em Lisboa... e a forma como fortalece o peso político do companheiro José Manuel, que cá está!